A puxada da tainha é tão importante para Santa Catarina, que foi tombada como patrimônio cultural imaterial de todos os catarinenses pela lei estadual 15.922, de 2012. A pesca artesanal da tainha é uma característica da identidade cultural de todo o nosso litoral e, até hoje, o trabalho é passado de geração em geração, mantendo assim uma tradição de séculos.
Arquivo Pessoal Marcos Aurino Pinheiro
A pesca da tainha é uma tradição de origem indígena, que depois ganhou influência dos açorianos. O alemão Hans Staden (1525-1579) teria sido a primeira pessoa a descrever a tainha, isso quando ficou preso numa aldeia indígena no litoral paulista numa das duas viagens que fez ao Brasil. A Tainha está presente em eventos familiares e públicos da região, como a missa da tainha, farinhadas, festas juninas, entre outras.
A tainha que chega na região na Costa Verde & Mar nesta época do ano vêm em cardumes migratórios da lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. São peixes costeiros de águas tropicais e subtropicais que nadam na superfície formando cardumes. Atingem em média 50 cm de comprimento com 6 a 8 quilos de peso.
Segundo as regras do Ministério da Pesca e Aquicultura, para o arrasto de praia as redes só podem ser lançadas a até 800 metros da areia e distantes 300 metros dos costões. A pesca ocorre entre os meses de maio e julho.
Durante esses meses olheiros identificam o cardume no mar (geralmente uma mancha escura, avermelhada) e avisam os pescadores na praia. As baleeiras (barcos) fazem o cerco aos peixes e as redes são puxadas da praia pelos pescadores. Na praia o “botim” é dividido entre todos.
Os pescadores começam a se preparar um mês antes (em abril). Os ranchos de pesca são consertados, as redes remendas, e é feita a manutenção das canoas. Cada pescador tem sua função: patrão, chumbereiro, remeiros, vigia, camaradas, redeiro, boieiro, cozinheiro, pessoal de praia. Confira o significado de cada função aqui: http://bit.ly/1SJWk1I
E antes de abrir a temporada de pesca, as comunidades realizam uma missa. Todas as etapas são um grande evento, que envolve toda a comunidade e é uma bela atração para os visitantes da Costa Verde & Mar.
Celebração de Abertura da Pesca Artesanal da Tainha em Bombinhas
Foto Márcia Cristina Ferreira
Celebração de Abertura da Pesca Artesanal da Tainha em Bombinhas
Foto Márcia Cristina Ferreira
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Em setembro de 2013 foi lançado o Documentário ‘Antes do Inverno’, que apresenta a pesca artesanal da tainha em Bombinhas. O filme, assinado pela Tramela Produções, empresa local contratada por meio de licitação pela Fundação de Cultura de Bombinhas.
Segundo a Federação Catarinense de Pescadores a expectativa é chegar a 1.800 mil toneladas até o fim da safra. Conforme a federação, o pico da safra costuma ser sempre no final de maio.
O resultado do trabalho dos pescadores rende deliciosos pratos com a tainha nos restaurantes da Costa Verde & Mar. Nesta época do ano o peixe ganha destaque, em versões recheadas, assadas e fritas. Mas também é possível comprar o peixe fresco, recém puxado do mar, e preparar na sua própria casa. Veja uma sugestão de receita:
1 tainha inteira (o tamanha depende do número de convidados)
Suco de 1 limão
Sal a gosto
Temperos: nossa dica é usar pimenta do reino (triturada na hora), cebolinha, coentro, dill, estragão ou sávia (escolha a que gostar)
4 tomates picados em cubos
1 cebola picada em cubos
Azeite de oliva
Modo de Preparo
Descame o peixe, tire as vísceras e abra-o pelas costas para que seja retirada a espinha (você também pode pedir ao peixeiro que já prepare o peixe para assar do modo “escalado”). Tempere com sal, pimenta e limão e deixe descansar por algumas horas.
Com a cebolinha, tomate e cebola picados e as ervas escolhidas, prepare um “recheio” para colocar no meio do peixe e também sobre a parte superior, colocando um fio de azeite de oliva extravirgem sobre as ervas. Depois de rechear o peixe, enrole-o na folha de bananeira.
Coloque-o na grelha sobre a brasa e deixe cozinhar. Quando o peixe estiver cozido (irá depender da intensidade do fogo e do tamanho do peixe), pode retirar.
Para acompanhar, coloque algumas bananas da terra sobre a grelha, cortadas em fatias no comprimento, além de arroz branco.
Dica: Para facilitar o manuseio, depois de limpar a folha de bananeira aqueça-a rapidamente sobre a brasa que ficará mais maleável. Pode fechar com palitos ou com um barbante (não use material plástico).
Referência: Ministério da Pesca e Aquicultura